sábado, 18 de fevereiro de 2012

30 de janeiro de 2012 - Campo Grande MS / Brasil

   Apos toda essa confusão, fiquei em choque um bom tempo, sentado no meu sofá, olhando para o nada, ignorando meu cachorro que pedia atenção. Tomei um banho quente, demorado e relaxante tentando limpar aquela imagem da minha mente, fumei um cigarro  preguiçosamente  e acabei pegando no sono sem perceber no sofá com meu amigo do lado.
   Já na madrugada acordei assustado com dores da posição que me deitei e resolvi ir pra cama e dormir decentemente. Enquanto tomava um gole d'água  na cozinha percebi um vulto passando na janela no escuro, e meu cachorro em posição de atenção.
   - Ok! isso não foi impressão minha.
   Apaguei as luzes de dentro da casa e acendi as de fora para que pudesse ver o que ou quem rondava.
   O cão então correu ate a janela em grande latidos e uma raiva que eu nunca havia visto.
   De longe pude ver que alguém procurava algo no.
   - O que diabos você quer no meu quintal? - gritei - Suma daqui ou vou tomar providências.
   Ao me ouvir o sujeito correu em ataque ate a janela, e não pude segurar o susto que me jogou no chão.
   Vendo aquela situação, que chegava a ser engraçada, o cachorro latindo de um lado, e o homem gritando e batendo do outro.
   "Vamos ver o que esse cara aguenta"
   abri a porta, e como um assassino o cão passou por mim na clara intensão de atacar o estranho. Mas com a mesma velocidade do ataque ouvi o cachorro chorar, e compartilhei o mesmo sentimento de raiva. Abri a porta e e segurei a primeira coisa dura que achei. Uma vassoura!
   "melhor que nada"
   Fui devagar, com a "arma" erguida, andando em silencio, procurando meu amigo e o tal sujeito. Quando vi, na lateral estreita da casa, o meu amigo acuado, e o tal cara tentando pega-lo, só pude correr e dar com cabo da vassoura nas costas do filho da puta que caiu deitado .
   - E fica ai infeliz!
   Mas logicamente ele se levantou com ainda mais raiva. Porque ter pouco problema e perda de tempo!
   Quando o sujeito quebrei o cabo da vassoura nele, mas o golpe teve a mesma função que o primeiro. Dessa vez o tal correu e antes que eu pudesse pensar em alguma coisa tomei um soco e ao me desequilibrar, pra completar, levei um chute no peito que me jogou longe.
   Retomando o prumo só tive tempo de ver o sujeito agressivo pular em cima de mim. Ao armar um novo soco, enquanto a outra mão apertava meu pescoço, assustamos (digo assustamos por que nenhum dos dois esperava tal reação) o pesado cão pulou e mordeu o braço do cara antes que socasse novamente.
   No desespero, tanto meu quanto do infeliz, pude sentir uma pedra grande em minha mão e com tudo que pude bati com ela no queixo do desgraçado derrubando, ainda com o cachorro preso no seu braço.
   Enquanto meu cachorro mantinha o infeliz ocupado procurava algo mais eficiente que uma pedra ou uma vassoura. Achei algo bem interessante. Devagar e acumulando raiva peguei minha enxada, caminhei ate o desgraçado que me socou e num golpe só enfiei a ferramenta na cabeça infeliz.
   - Que saco! - falava o cachorro ainda bufando de cansaço - O que eu faço com esse corpo agora? Que merda ta acontecendo? E o que aconteceu com meu carro???


Bastian S. Barros

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

30 de janeiro de 2012 - Campo Grande MS / Brasil

Longas duas horas se arrastaram desde os acontecimentos estranhos e ainda não consegui tomar uma decisão sobre o que fazer. Todos os canais da televisão estão fora do ar e as linhas de celulares estão congestionadas. Talvez o fim do mundo realmente esteja acontecendo... que bizarro não? Mas, como em tantas outras catástrofes, é bem capaz de que na próxima semana tudo se ajeite e não pare de falar sobre isso nos jornais. Como sempre aconteceu... basta uma trajédia e pronto, só passa isso. Mas agora é diferente pra mim, agora parece que eu faço parte desta trajédia e não mais apenas um telespectador observando de longe. Agora eu sou um dos protagonistas do que irá se arrastar pela a mídia nos próximos dias.
 .
Até encontro uma graça nisso tudo, me imaginando dando uma entrevista para uma emissora qualquer, ou todas elas, quem sabe. Falando sobre o incidente com o maníaco no corredor do meu apartamento. Aliais, o que pode ter sido aquilo, afinal? Melhor nem tentar pensar à respeito agora. Preciso saber como estão as coisas lá fora. Agora a pouco dei uma olhada na janela do meu quarto, que dá para a rua em frente ao prédio e havia dois corpos jogados na calçada, ensopados de sangue.. horrível mesmo, nem quero lembrar... mas o mais engraçado é que nem um sinal de polícia ou bombeiros eu ouvi. Lá fora, só silêncio.

Acho que vou lá pra ver. Ficar aqui dentro não vai me ajudar em nada e já não aguento mais ficar sem saber no que estou metido. É isso, vou arriscar e ver o que houve. Levanto da cama, onde estive refletindo nestas duas últimas horas, tirando os dez minutos em que fui na cozinha comer algo, e vou até o banheiro tomar um banho. Agora que reparei que um filete de sangue estava em parte da manga da minha camiseta e no meu braço, devido aquele golpe com facão que feri o rapaz doido. Com banho tomado, me sinto melhor e mais disposto. Coloco uma calça jeans batida que uso pra ir nas obras e uma camiseta vermelha de manga curta e calço minha bota preta. Pego o facão novamente e minha carteira e celular. Quando estou pra abrir a porta da frente, me vem a cabeça a idéia de levar também a chave da minha moto e o documento. Volto e os busco. Quem sabe né, se eu não vou precisar?

Dou uma olhada no olho mágico da porta e nada vejo. Abro a porta e saio, com o facão em posição de ataque. No chão à frente, uma pequena poça de sangue e na minha porta também. Caminho até o começo da escada e começo a descer. Melhor ir pela a escada... nunca se sabe o que encontrarei lá embaixo. Desço três andares e ouço um barulho estranho. Parece um vaso caindo. Continuo descendo cautelosamente até o sexto andar. Mas acontece tudo tão rápido que mal posso reagir. Ouço um grito atrás de mim e ao me virar, um homem vem caindo na minha direção do alto da escada, com seus braços apontando pra mim. Antes que eu pudesse fazer algo, ele desaba sobre mim e nós dois saímos rolando escada abaixo, até parar em frente à porta que saí no quinto andar. Me levanto rapidamente e percebo que o rapaz também já estava de pé. Era aquele mesmo maluco que me atacou mais cedo. No seu rosto, uma espécie de sorriso sádico e odioso se faz e ele avança em minha direção.

 - Cansei dessa palhaçada. Você quer brincar? Então vamos brincar.

Tomado pela a raiva, perco noção das coisas e avanço também em direção ao desgraçado. Com um movimento firme e preciso, me abaixo no último instante e subo com os braços enfiando o facão no peito do infeliz. A lâmina teima em perfurar e faço ainda mais força, erguendo o rapaz do chão em meio à adrenalina do ataque. Começo a me levantar por completo também e empuro o corpo dele em direção à parede, ainda com o facão atravessando seu tórax. Ele começa a se debater e a rosnar com muita fúria, mas aos poucos, sua voz começa a falhar e uma jarra de sangue sai pela a sua boca, caindo em cima de mim. Logo ele perde sua força e sua cabeça cede lentamente, perdendo a consciência e, aparentemente, a vida. Largo o cabo do facão e ele despenca com o corpo no chão. Dou dois pequenos passos pra trás, tremendo muito. Olhando aquela cena sem acreditar no que acabei de fazer. Minhas mãos estão enxarcadas de sangue e sinto que meu rosto não está diferente. Começo a me afastar lentamente e entro na porta do quinto andar. Vou até o final do corredor e me olho no espelho pendurado na parede.

Uma figura vermelha aparece. Rosto vermelho, braços vermelhos e ironicamente, uma camiseta vermelha.

Eu matei uma pessoa. Louca, possuída, sei lá... mas era uma pessoa....

Roberto Medeiros







sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

30 de janeiro de 2012 - Campo Grande MS / Brasi


   Depois de mais um dia exaustivo de trabalho tudo que eu mais queria era um bom banho, me jogar no meu sofá e assistir um filme ate pegar no sono. Estava estressado e irritado o transito dessa cidade tem a incrível capacidade de me tirar do serio, mas do que eu já estou. Sorte que tenho me cigarro que me ajuda a manter o controle.
Já próximo da minha casa o relógio acusava 20:00 e felizmente as ruas estavam vazias, com um ou outro veiculo. O que foi suficiente pra piorar um dia difícil.
   Ouvi então uma frenagem brusca e o barulho de um carro batendo. Ao retrovisor pude ver o uma caminhonete  que se chocou contra o muro, uma pessoa jogada ao chão e um rapaz que socava com força a lataria do carro.
“É nessas horas que me pergunto porque sou enfermeiro?”
   Minha primeira reação foi atender a moça que estava  ao chão. Jovem loira, estava cheia de sangue mas consegui encontrar um único ferimento, num mesmo um arranhão, respirava normalmente e alem do sangue inexplicado, nada de grave
-Senhor mantenha a calma! – falei ao rapaz que batia no carro insistentemente, impedindo que eu atendesse o motorista.
   Já que não ouve mudança no comportamento do sujeito, tentei puxa-lo de lado. Conclui que não foi uma boa ideia.
   Fui agarrado repentinamente pelo rapaz desajustado todo sujo de sangue. O infeliz tentava me morder enquanto apertava cada vez mais forte o meu pescoço. No desespero não sabia se tirava a mão do rapaz que me estrangulava ou se impedia que me mordesse.
   Para minha sorte um outro homem agarrou o louco e juntos conseguimos tira-lo de cima de mim, depois de muito esforço. Enquanto recuperava meu folego, via o desorientado se debater na tentativa de se desprender dos braços do senhor que me ajudou.
- Mas que merda rapaz, se acalme! - gritava tentando me levantar - estamos tentando ajudar...
   Mas antes que eu pudesse terminar a frase a mulher, ate então desacordada, levanta-se e morde o samaritano no pescoço arrancando um pedaço e jorrando sangue direto da jugular.
   Com aquela imagem e o desespero tomando forma e o infeliz do rapaz atrás de mim, corri ate meu carro, travei as portas e sai cantando pneu, enquanto via o pelo retrovisor o alucinado ainda correndo atrás de mim e a mulher tirando o motorista do veiculo acidentado aos puxões.
assustado tentava dirigir, discar para policia ao mesmo tempo que mantinha os olhos grudados no espelho tentando adivinhar o que havia acontecido. quando atropelei alguém.
- Que merda de dia que não acaba!!
  Quando me dei conta, arremessei a pessoa metros a frente devido a minha velocidade. depressa fui até o pobre coitado que tentava se levantar por conta, e com poucos metros pude ver que o atropelado, igualmente aos outros estava ensanguentado e com muita raiva.
   Só pude me tomar em correr de volta ao carro, quando ao me virar esbarrei com alguém que me jogou no chão.
-mas o que esta acontecendo com todo mundo desse bairro?- não contive o grito ao ver mais um homem com raiva nos olhos aos urros.
   Enquanto me rastejava  tentando me levantar pude sentir um pedaço de galho, e quanto o tal sujeito veio em investida na minha direção, por reflexo acertei o rosto dele com toda força que pude ter naquele momento.
   Pelo menos pude derrubar um, falta outro.
   Mas antes mesmo de me recompor o segundo já estava vim em minha direção. Me joguei dentro do carro, com o bizarro aos gritos e dando socos na porta, percebi que a chaves haviam saído do meu bolso com o meu tombo.
   Com a insistência o vidro do carro estourou, e em meio aos golpes do homem, me debatendo e me defendendo dos puxões, abri a outra porta e sai correndo como nunca havia corrido na minha vida.         Eram quatro quadras ate minha casa que pareciam infinitas, meus músculos latejava e eu já estava podre de cansado, quando cheguei aos portões. Olhei em volta e não vi ninguém mas tranquei com grossas corrente e cadeado. Antes de fechar a porta chequei cada comodo da casa com aquela imagem do homem morrendo em minha cabeça.
"O que são aqueles homens?"
"Porque tanta raiva?"
"O que eles queriam?"
e principalmente "E o meu carro?"

Bastian S. Barros